Pesquisar no site


Contato

Duvidas, sugestões, parcerias~

E-mail: www_nitachan@hotmail.com

OneShot

05/05/2011 15:27

 

TRIIIIMM!!!

-A-alô?! – Minha voz era ansiosa ao telefone. Eu precisava ouvir sua vós. Precisava saber se ele estava bem.

- Anne!? Anne! Você está bem!?! – Sim, era ele! Sua voz era tão aflita quanto a minha. Ele parecia cansado.

- Ray! Estou preocupada! Onde você está!?!

- Não sei ao certo. – Ele parou por alguns segundos. Havia várias vozes ao fundo, algumas gritavam algo que não consegui entender. – Me desculpe. Tenho que ir agora! 

- Não! Espere! Eu-- - Fui interrompida.

- Te amo. Adeus.

.

.

Silêncio.

.

.

Entrei em desespero. Comecei a gritar por seu nome. Chamá-lo em vão. Ele já não estava mais ali 

Respirei fundo na esperança de me acalmar. Botei o telefone no gancho e comecei a andar. Voltei ao meu lugar de inicio: um sofá largo e azul marinho em frente à televisão, ligada ruidosamente no noticiário. Me encolhi num canto dele com os braços em volta dos joelhos, encarando a televisão sem ver absolutamente nada. Estava imersa em meus pensamentos, em minha culpa. Precisava saber o que estava acontecendo. Não agüentava mais ficar nessa incerteza.

Foi quando o vi. Não prestei atenção no início da reportagem, mas assim que seu rosto apareceu, eu o reconheci. Era ele. Primeiro apenas um close do rosto, seguido por uma imagem de corpo inteiro. Estava algemado. Havia sido pego. No mesmo instante em que ele apareceu algemado, não vi mais nada. Apenas continuei encarando as imagens que seguiam na TV, sem enxergar o que estava acontecendo.  Agora minha frente estava repassando a cena horrenda que se estendeu por toda madrugada, até o amanhecer. A maldita cena era repassada repedidas vezes. Como um disco arranhado. Um sentimento de culpa e injustiça veio à tona e então sussurrei:

-Ray... Não foi... você... Por favor.... NÃO.

 

 

 

 

A cena voltou em minha mente. Já era tarde da noite quando esse pesadelo começou. Eu estava na casa do meu ex-namorado, Kon, e o clima estava... bom, não era um dos melhores.

- Você está me traindo, não está?! Eu sei que você dorme com ele quando não está comigo! Sua vadia! – Kon segurava meu braço com muita força enquanto gritava. Ao mesmo tempo em que ia aumentando o tom de voz, ia aumentando a força com que me segurava.

- Não, Kon, eu nunca te trai. Diferente de você, eu sempre fui fiel. – Eu respondi sua acusação ofensiva entre dentes e tentando me libertar de seu aperto, continuei – E me solta, você está me machucando.

- Não solto não, sua puta. Quanto você cobrava, hein!? Quanto aquele idiota te pagava por noite, hein!?! Vagabunda!!

-Olha aqui – Meti o dedo na cara dele – Você me respeite e respeite o Ray! Não sou obrigada a ficar ouvindo seus delírios e nem a te dar satisfações! E me solta que você está me machucando! – Tentei me libertar novamente, sem sucesso – Eu vou embora! Acabou!!

De repente, tudo o que pude ver foi sua mão grande (a que não segurava meu braço) vindo em direção ao meu rosto. Com toda sua força, ele me acertou no rosto, jogando bruscamente no chão. Cuspi sangue. Perto da boca, onde ele me acertou, estava só um pouco dormente, mas logo estaria doendo muito. Ele veio em minha direção, pronto para me chutar quando ouvimos alguém batendo na porta. Era alto. A pessoa devia estar irritada ou com muita pressa.

- Kon!! Eu sei que está aí!! O que fez com a Anne!?

- Heh... seu amorzinho chegou... Muito bom... – Disse Kon, parando e encarando a porta com um sorriso maldoso estampado do rosto. Foi em direção à porta então, dando as costas pra mim.

Quando tive certeza que eu não estava mais ao alcance de sua vista, levantei, um pouco tonta por causa do soco, e cambaleei para um canto do cômodo. Recostei-me na parede, para não cair, ao meu lado, estava um grande jarro de plantas vazio.

O jarro era um pouco pesado, mas não o suficiente para me impedir de carregá-lo. Na minha atual situação, quanto mais pesado, melhor. Com o jarro na mão, fui até onde Kon estava. Cheguei o mais perto que pude sem ser vista, juntei todas as minhas forças, e quando ele estava com a mão na maçaneta, joguei o jarro, acertando direto em sua cabeça. Ele caiu desacordado e sangrando muito no chão. Quando me dei conta do que havia feito, já era tarde. As batidas na porta ficaram mais frenéticas devido ao barulho e a demora. Caí ao lado do corpo em estado de choque. Já chorava muito. Não ouvia mais nada. Não tinha mais noção de tempo e nem idéia de como Ray conseguiu entrar lá.

Ao entrar, Ray me viu sentada ao lado de Kon, e uma poça de sangue abaixo dele. Foi logo medir a pulsação de Kon, botando os dedos indicador e médio em seu pescoço. Não acreditando no que descobriu, levou sua mão até o pulso de Kon, medindo a pulsação com o polegar. Arregalou os olhos então, e declarou finalmente:

- Ele... Ele está... Morto... – Seu rosto, que antes olhava para Kon, agora estava virado para mim, com os olhos arregalados – Foi... Foi você?!?

- Ele.... Ele ia me matar... Ele ia te matar também...! Eu... eu... Eu não queria... Juro que não queria...! – Já tomara consciência do que havia feito e estava entrando em pânico. Realmente não queria que tivesse sido assim.

- Calma... Calma Na... – Ele afagou meus cabelos. Quando abriu a boca para continuar, ouviu uma sirene de polícia, então mudou a frase. – Vamos, Levante-se rápido! Se esconda ali!! – Enquanto falava, segurou firme em meus ombros me levantando, depois me empurrando para dentro de um armário velho no cômodo do lado.

O armário não se fechava direito e pela fresta, pude ver Ray se sujando com o sangue de Kon. O barulho da sirene aumentou. Eles estavam mais próximos. Ray foi até a janela e observou o que acontecia lá em baixo por pouco mais de dois segundos. Depois, olhou para o armário onde eu estava e saiu correndo.

 

 

 

 

Sim... Foi isso que havia acontecido... Eu era culpada... Eu que matara Kon... Eu... E ele estava sendo preso por minha causa. Por uma coisa que eu fiz. Não... Eu tinha de impedir isso... Não podia deixá-lo sofrer por algo que não fez.

Saí correndo de minha sala, indo direto para a delegacia. Ao chegar na porta, parei. Bem em frente. Lá estava eu, pronta para me entregar. Ou quase isso. Respirei fundo e entrei. Fui ao balcão e relatei tudo o que tinha acontecido. Pouco antes de terminar, dois policiais apareceram atrás de mim com algemas. Não resisti. Estiquei os braços para colocarem em mim. Estava sendo presa... Com sorte, conseguiria provar que foi legítima defesa, mas não levava muita fé quanto a isso. Mas tinha certeza de uma coisa: Ray não fora preso no meu lugar. Ele não pagaria por algo que não fez... Continuaria livre...

 

Vivendo.